Como trabalhar de maneira produtiva quando se tem algo freando este processo? E quando este entrave é algo invisível, e obviamente não tão fácil de ser percebido como os sintomas da depressão?
Quando se pensa em depressão, muitos têm em mente apenas os casos crônicos, aqueles no último grau, em que é fácil perceber que algo errado está acontecendo. Entretanto, essa doença geralmente se inicia com sintomas muito sutis, mas que podem se tornar incapacitantes ao longo de seu curso, caso não sejam devidamente tratados. Aos poucos, o encantamento pelo que está ao redor diminui, questões de baixa autoestima aparecem junto com a reclusão, a indisposição e até mesmo mudança de alguns hábitos de higiene.
Espera-se que na rotina diária, sejamos fortes o suficiente para encarar nossos compromissos, sem perder o ritmo, o que certamente já foi afetado no indivíduo deprimido.
Ao analisar o mundo corporativo, é interessante o contínuo e, cada vez mais presente, movimento de esconde-esconde.
Indo ao revés da máxima pregada por diversas instituições sobre transparência x produção x espírito de equipe, é notória a tendência de as pessoas se esconderem ou esquivarem frequentemente em suas estações de trabalho.
Podemos citar alguns motivos que exacerbam estas práticas. Por exemplo, o uso de mecanismos tecnológicos potentes e velozes para a resolução de questões, em que há o “delargar” em vez do delegar funções, ou até mesmo a existência de profissionais pouco treinados para os cargos em questão.
O fato é que, em suma, todos os pontos levam à ocultação do indivíduo. Estes associados a uma possível dificuldade psicológica podem influenciar na obtenção de resultados, no alcance de metas, na organização e administração do tempo, causando possíveis falhas de comunicação, podendo gera problemas de conflitos internos.
Devemos lançar uma reflexão sobre as pessoas que se encontram atrás de um e-mail, uma ordem ou uma tarefa.
São cabeças pensantes e que merecem respeito e voz, independente de estrutura hierárquica.
Sem homens não temos máquinas e sem máquinas, não temos produção, certo?
A saúde do trabalhador está sob condições hostis – mas tão silenciosamente escondidas que ficam quase imperceptíveis!
Voltemos ao menos um pouco ao olho no olho; à explicação clara (nem que seja por 5 minutos); ao olhar uma pessoa como um ser que pensa e não pura e simplesmente como um executor de tarefas. De que forma podemos auxiliar um profissional que vem evidenciando queda de resultados? Como preparar os gestores para essa visão mais humana sobre sua equipe? Como sensibilizá-los para a compreensão de que isso também faz parte do aprimoramento de resultados?
É sabido que, nessa relação, fatores externos ao trabalho podem impactar a produtividade do funcionário, tais como: problemas financeiros, instabilidade afetiva, o surgimento de um novo membro familiar, questionamentos sobre a criação dos filhos etc. Assuntos que compõem a realidade do indivíduo. É importante mapear o que traz o desconforto ou os sintomas no momento para poder tratá-los. Caso seja algo de cunho mais particular, o profissional deve procurar auxílio e a empresa poderá oferecer algum suporte, caso tenha desenvolvido essa visão mais completa do alcance de resultados x equipe.
Caso a causa esteja atrelada a algum componente corporativo, a empresa poderá rever seus processos e, possivelmente, até descobrir outras pessoas que precisem de ajuda, porém, não se expressaram.